Eugénio de Castro nos Cem Anos da Sua Celebração Espanhola
Sinopse
No biénio 1922-1923, o poeta português Eugénio de Castro [1869-1944] foi recebido em Madrid para um conjunto de eventos públicos que representam o corolário de um alcance internacional pouco comum entre os seus contemporâneos. 100 anos depois, a pretexto destes eventos e do impacto internacional do poeta, que o faria figura tutelar dos rumos da modernidade literária nacional e transnacional, este volume pretende reabilitar e reinterpretar a sua obra e a sua acção cultural. Para tal, reúnem-se aqui ensaios de alguns dos principais especialistas na obra do poeta português: José Carlos Seabra Pereira aborda a continuidade, o sincretismo e o carácter pioneiro da sua poesia, entre simbolismo, decadentismo, classicismo, neo-romantismo e academicismo. Paula Morão analisa a sua produção cronística, salientando nela os traços de uma autoria moderna e a mestria no domínio dos códigos do género. Bruno Anselmi Matangrano demonstra a vitalidade de um dos mais célebres textos castrianos, Belkiss (1897), propondo uma sua interpretação ecocrítica. Por último, Miguel Filipe Mochila analisa a intersecção da poesia e do posicionamento crítico de Eugénio de Castro, sob tónica decadentista, com alguns dos mais revelantes autores hispânicos coevos. A estes estudos acresce uma antologia dos mais importantes textos críticos que sobre Eugénio de Castro se publicaram em castelhano, aqui traduzidos para português, quase na sua totalidade, pela primeira vez, demonstrando a profundidade, diversidade, e longevidade da sua recepção hispânica, que tocou nomes como Rúben Darío, Leopoldo Lugones, Miguel de Unamuno, Rogelio Buendía, Carmen de Burgos, Enrique Díez-Canedo, Andrés González-Blanco, César González-Ruano, Mauricio Bacarisse ou Pere Gimferrer.
Capítulos
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Capítulo I: INSPIRAÇÕES CLÁSSICAS E INTEGRAÇÃO NEO-ROMÂNTICA NA MODERNIDADE ESTÉTICA DE EUGÉNIO DE CASTRO.
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Capítulo II: CARTAS DE TORNA-VIAGEM, 1926 E 1927 – EUGÉNIO DE CASTRO CRONISTA
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Capítulo III: A NATUREZA E O SOBRENATURAL EM BELKISS DE EUGÉNIO DE CASTRO: UMA LEITURA ECOCRÍTICA SOB O PRISMA DOS ESTUDOS DO FANTÁSTICO
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Introdução e capítulo IV: FLORES AZIAGAS: O GOSTO DECADENTE DE EUGÉNIO DE CASTRO EM CLAVE HISPÂNICA
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